Escrevendo sobre o bisavô no conto de ontem, me lembrei das histórias de família sobre os meus bisavós, e resolvi ir contando sobre eles da forma como me lembro. No entanto, como em todo o relato quem conta um conto aumenta um ponto, se alguém da família quiser dar palpite e contar sua versão dos fatos, este blog está aberto e desejoso de cumprir com a estrita verdade das biografias (parte delas) que pretendo trazer para vocês. Tenho uma prima um pouco mais jovem que eu que é ótima contadora de histórias. Estivemos juntas quando fui levar as cinzas de minha mãe a sua cidade natal. Bel, ela, Bau eu. Amigonas na infância, quando brincávamos ela, minha irmã menor, Belê, e eu - éramos horríveis com minha irmãzinha, bullying era pouco - e separadas pelas contingências da vida, nos reencontramos a cada tanto nas festas de família, onde comemos e bebemos sempre bem e muito. Delícia. Eu não sabia que ela era tão boa contadora de histórias, fiquei fascinada.
O bisavô materno era português. Pelo que me contou a prima Bel, bem falante, bem pensante, bonitão (acho), casado em Portugal veio para o interior do Brasil em busca de fortuna para trazer a família. Esteve em andanças por Minas Gerais, onde conheceu uma linda brasileirinha, Claudininha, que, apesar de jovenzinha, já estava casada e com ao menos um filho. No entanto, ao reconhecer no Capitão José Alexandre - sim, ele se fazia chamar Capitão - seu grande amor, com ele fugiu fronteira abaixo, vindo morar do outro lado da linha, em São Paulo. Aí fundaram sua família, ele português, ela mineira, os dois separados de suas famílias anteriores, dispostos a enfrentar tudo e todos para poderem viver seu amor plenamente. E assim foi. Assim viveram. Conta também minha prima que o Capitão, muito simpático, tinha amigos por toda a parte, e quando algum forasteiro chegava na cidade logo ia sendo convidado a participar da mesa do Capitão. Não sei se corresponde à realidade, mas acredito que minha bisavó devia gostar disso. Ou não tinha opção, pobrezinha, e vivia como podia a situação de mulher do Capitão, sendo sua companheira nessas aventuras. Tiveram filhos, não sei quantos, um deles foi minha avó. Linda, linda, com as bochechas cheínhas, uma belezura. A bisavó, essa valente que correu atrás de seus sonhos, também era uma mulher linda. O caso é que, depois de idosos, tiveram notícias do falecimento da esposa portuguesa do bisavô Capitão, e do marido brasileiro da minha bisavó. Casaram-se. E viveram felizes para sempre. Acho.
Nestes tempos sombrios, um mecanismo de escape ajuda a manter a sanidade. Conto Contos resgata bau-contoumconto.blogspot.com, trazendo minhas reflexões, contos curtos, poemas, invenções.
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O bisavô e a menina Atrás do grande vaso, ali ela estava, parada, olhando passando a seu lado aquela gente toda vestida de branco e ou...
Fugir para viver um grande amor!
ResponderExcluir* literalmente, todas nós precisamos fugir um pouco para viver um amor.
Adorei . Continue contando !